Beber, Comer e Amar..
Má na cozinha preparando Arroz de feijão, um verdadeiro Comfort food português, uma cozinha apurada por décadas de tradição.
Décadas também tem minha amizade com Cris Alves, amiga de infância que me ensinou essa receita.
Hoje, encontra-se além-mar, vivendo no Norte de Portugal onde o prato teve sua origem, pois as versões mais conhecidas localizam-se na zona litoral que vem do Minho até o final da costa da Beira Litoral.
O tempo passou, com ele as brincadeiras de infância, os descobrimentos da adolescência, a vida adulta...
Além do afeto que nos une, a paixão pela enogastronomia rende horas e horas de conversas diárias.
Delicioso é a palavra que, de certo, melhor descreve este arroz. Seu diferencial é o saboroso caldo apurado e rico em sabor.
O arroz pode ser servido seco, mais molhado, ou malandrinho, ou seja, com o caldo do cozimento ainda muito líquido (segundo minha amiga Cris "malandrinho" pois corre do prato, fugindo da água caldosa).
O arroz genuínamente português, o Carolino das Lezírias Ribatejanas é primordial, o feijão é o encarnado (feijão vermelho), após se juntarem, são cozidos lentamente com a panela tampada.
O Marcelo optou por cozinhar o feijão em casa, aproveitando a água do cozimento para o arroz na proporção cinco xícaras para 250 gramas de arroz cru.
Mas você pode recorrer ao feijão já cozido comprado em latas nos supermercados que resulta igualmente bem (só não esqueça de drená-lo antes).
Colocamos também chouriço de carne e toucinho defumado, transformando o Arroz de feijão em prato principal.
Mas se você preferir servi-lo como acompanhamento de pataniscas, bolinho de bacalhau ou peixe frito (como manda a tradição) pode omitir o chouriço de carne e o toucinho defumado.
Um prato que acalanta a alma, cheio de sentimentos, cheio de saudade! Que nos fez sentir, em Vila do Conde á mesa com nossos amigos Cris e Abel e que certamente fará parte do nosso cotidiano, pois é de fácil preparo e muito saboroso.
Quando o assunto é vinho, um prato cremoso, caldoso, apurado e rico em sabor, pede um vinho branco fresco, para exibir ainda mais suas facetas.
Nada melhor, neste caso, do que um vinho regional, um Vinho Verde Branco, para compor esta sinfonia de sabores.
Escolhi o Covela Edição Nacional - Avesso 2017 - Região dos Vinhos Verdes - Sub-região Baião
Aromas cítricos, flores brancas com um leve toque mineral.
Em boca é seco, lembra pêssego branco, confirma o cítrico do nariz, acidez crocante bem postada, corpo médio e final persistente.
Com seu caráter jovial fez um bom contraponto com o arroz caldoso de sabor marcante.
Que tal preparar essa iguaria?
Eu como sempre, contribuo com a receita:
Receita adaptada de Arroz de Feijão português
Ingredientes:
200 gr de feijão encarnado (feijão vermelho)
1 chouriço de carne (substituição = linguiça portuguesa)
500 gr de toucinho defumado
250 gr de arroz Carolino ( substituição = arroz cateto)
5 tomates maduros picados sem sementes
1 cebola grande picada
2 dentes de alho picados
Azeite q.b
Salsa ou coentro fresco
Sal e pimenta a gosto
Preparo:
1. Enquanto o feijão cozinha, faça um refogado bem apurado com o azeite, cebola, alho e tomates.
2. Ao meio da cocção do feijão acrescente-lhe o chouriço e o toucinho e acabe de cozinhar.
3. Junte o refogado ao feijão já cozido, acerte o sal e a pimenta.
4. Verifique a quantidade de caldo resultante do cozimento do feijão e adicione, se precisar, água que seja necessária para cozinhar o arroz (na proporção 5 xícaras de caldo para 250 gramas de arroz cru).
5. Acrescente o arroz cru, mexa e deixe cozinhar com a panela tampada, caso necessário acrescente ainda mais água ao preparo, á medida que o caldo seca, pois lembre-se o arroz deve ficar bem caldoso.
Você sabia...
Vinhos Verdes
Baião, sub-região situada na zona de transição entre Vinhos Verdes e os Vinhos do Douro.
É o berço da Casta Avesso.
A região é conhecida (não oficialmente) como Douro Verde pois situa-se na região dos Vinhos Verdes porém está longe do mar, a cinco quilômetros, por rio, da fronteira com a região do Douro.
Consequentemente, possui mais horas de sol e menos chuvas, resultando numa maturação diferente das uvas.
Solos graníticos que obrigam as raízes das vinhas a procurar água e minerais nas profundezas.
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