sábado, 6 de julho de 2019
Harmonização - Moussaka e Fairview La Capra Shirak
Beber, Comer e Amar...
No especial, Pratos de Inverno do BCA, não poderia faltar Moussaka, um prato que faz sucesso com os convidados e com a família.
Um Comfort Food delicioso!
Má na cozinha preparando Moussaka. prato típico da Grécia, da Turquia e dos Bálcãs, composto de camadas de berinjela e carne de cordeiro moída com cobertura de molho branco.
Imagina-se que o Moussaka tenha sido inventado no Palácio de Topkapi (residência dos sultões) em Istambul (antiga Constantinopla) durante o domínio otomano, porém até meados do século XX não há registros de como era preparado, foi quando em 1910, Nicholas Tselementes, importante chefe grego da Ilha de Sifnos treinado na Europa, publicou a receita em seu livro, já utilizando o molho bechamel (uma invenção francesa).
Independente da origem, foram os gregos que tornaram o Moussaka famoso.
Hoje, conhecido como prato nacional e consumido somente em épocas especiais, o Moussaka possui pequenas variações de preparo e temperos que dão o toque de cada família, de cada ilha. Em todas as variações, as ervas como tomilho, orégano e louro são amplamente usadas, assim como as especiarias (canela e noz-moscada) e são sempre regados com bastante azeite, que é considerado o alimento mais característico na culinária grega e praticamente usado em quase todos os pratos.
Aliás, a cultura dos azeites e vinhos na Grécia vem desde a antiguidade, sua geografia (região rochosa e montanhosa e com ventos marítimos) fazem com que as oliveiras e parreiras se adaptem perfeitamente.
Durante a década de 1990, a indústria de vinhos na Grécia começou a experimentar uma revolução de qualidade. Hoje fazem-se vinhos melhores do que em qualquer outra época da história do país.
Sendo assim, é claro que um vinho grego seria o recomendável para a nossa harmonização, um tinto feito com a variedade Agiorgitiko, que produz um vinho fácil de beber, condimentado e com sabor de cerejas secas.
No entanto, o sabor forte do prato juntamente com a doçura inerente da canela e da noz-moscada pede um tinto seco, equilibrado, sem acidez ou taninos excessivos, optei por um Shiraz sul-africano Fairview La Capra ,com muita fruta madura, especiarias, um toque de pimenta, seu corpo médio e suculento no paladar não comprometeu a estrutura do prato.
Que tal preparar um Moussaka este final de semana? Eu como sempre, contribuo com a receita:
Moussaka
6 porções:
2 berinjelas grandes
3 colheres de sopa de azeite de oliva
3 xícaras (675 g) de carne moída de cordeiro
1 cebola picada
2 dentes de alho amassados
2 tomates frescos grandes picados ou 200 gramas de tomates picados em conserva
3 colheres de sopa de farinha de rosca
2 claras de ovo
Sal, pimenta, canela, noz-moscada, tomilho e orégano a gosto
Para gratinar:
3 colheres de sopa de manteiga
1/3 xícara de chá de farinha de trigo
1 2/3 copos (400ml) de leite
1/2 colher de noz-moscada moída
1 1/4 de queijo Kefalotiri ou Feta ralado
2 gemas de ovo mais um ovo inteiro
Preparo:
Salpicar as berinjelas com sal e deixar assim por 20 minutos para escorrer o suco amargo e secar cada rodela com papel toalha.
Pré-aquecer o forno 190 graus. Colocar as rodelas de berinjela em uma travessa, pincelar com azeite e assar por 10 minutos ou até ficarem macias. Tirar as berinjelas do forno e esfriá-las. Deixar o forno ligado.
Preparar a carne: aquecer azeite de oliva em uma panela grande e refogar a carne moída mexendo constantemente. Quando a carne perder a cor rosa adicionar alho e cebola e cozinhar por 5 minutos.
Adicionar tomates picados, canela, noz-moscada, tomilho e orégano.
Temperar com sal e pimenta .
Quando começar a ferver , diminuir o fogo e tampar a panela e cozinhar por 15 minutos.
Tirar do fogo e deixar esfriar por 10 minutos e adicionar farinha de rosca e claras de ovo.
Umedecer com azeite uma assadeira, espalhar as berinjelas em uma camada uniforme. Colocar a carne e cobrir com outra camada de berinjelas.
Para fazer a cobertura, colocar manteiga, farinha e leite numa panela.
Aquecer no fogo baixo até ferver mexendo rapidamente até a mistura ganhar espessura formando um molho cremoso deixando cozinhar por dois minutos sempre mexendo. Tirar a panela do fogo, temperar, adicionando noz-moscada e metade do queijo.
Esfriar por 5 minutos, adicionar as gemas e um ovo inteiro e mexer. Despejar o molho sobre a última camada de berinjelas, cobrir com o restante do queijo. Assar no forno por 30-40 minutos ou até adquirir uma cor marrom dourada. Distribuir nos pratos e deixar descansar por 10 minutos antes de servir.
Você sabia...
"Os vinhos bebidos na Grécia Antiga às vezes eram aromatizados - intencionalmente ou não - com resina de pinheiro, que era usada para revestir os interiores porosos das ânforas ou dos jarros em que armazenavam ou transportavam os vinhos. Milênios mais tarde, o vinho resinado,conhecido com retsina, ainda é imensamente popular na Grécia. Durante os tempos clássicos, às vezes os vinhos eram aromatizados com flores e óleos florais, o que lhes dava os odores considerados por Platão como ainda mais positivos do que os dos próprios vinhos. Na visão dos gregos antigos, os odores próprios eram necessários para restaurar a harmonia natural do corpo. A semelhança entre os aromas florais e os aromas de certos vinhos elevou a reputação desses vinhos, pois os cheiros das flores eram considerados particularmente benéficos para o cérebro e, ainda mais, capazes de prevenir a embriaguez.
A própria embriaguez era algo que os gregos acusavam de ter efeitos prejudiciais. Por isso, o vinho era sempre diluído em água, em proporções que variavam de duas partes de vinho para três de água, até uma parte de vinho para três de água.
Os gregos achavam que só os bárbaros bebiam vinho puro.
Eubulos, poeta grego do século IV a.C, conhecido pelas suas paródias mitológicas, sintetizou a tendência dos gregos pela moderação quando atribuiu a Dionísio as seguintes palavras: "
Três crateras [ tigelas usadas para vinho]
eu misturo para os moderados:
uma para a saúde, que esvaziam primeiro,
a segunda para o amor e o prazer e a
terceira para o sono. Quando acaba essa última tigela, os convidados sábios vão para casa.
A quarta tigela não é mais nossa, pertence à
fartura, a quinta ao tumulo, a sexta à ostentação,
a sétima aos olhos machucados, a oitava traz
a política, a nona pertence aos vômitos e a décima
à loucura e ao arremesso da mobília.
( A Bíblia do Vinho - Karen MacNei)
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