sábado, 14 de dezembro de 2019

Especial Festas de Fim de Ano - Paleta Suina



In memoriam a nossa amada Mieko
Beber, Comer e Amar...
Especial Festas de Fim de Ano.
Má na cozinha preparando Paleta Suína.
Dizem que as receitas mais gostosas são as de família, é quando a boa memória gustativa nos pega e nos transporta para os dias felizes, nos dando a sensação de aconchego e bem-estar.
A verdade é que, alguns sabores parecem ser capazes de alimentar a saudade...
O Marcelo sempre foi muito parecido com sua mãe, herdou seu caráter, a perseverança, a calma, a sabedoria e a curiosidade, eram cúmplices, se admiravam e se respeitavam de um jeito que era muito bonito de se ver.
Há tempos minha sogra passou o bastão da preparação da Paleta das Festas de Fim de Ano para ele, que ano após ano, o faz com maestria.
Portanto, a receita de hoje é um "segredo de família" e, é com ela que começamos a  fechar o ano. Ano este de muitos Beber, Comer e Amar, harmonizados com vinho e combinados com dedicação, carinho e muito amor pelo assunto.
Agradeço a todos que durante o ano de 2019 compartilharam conosco nossas aventuras enogastronômicas, aprendemos juntos, um pouquinho mais sobre esse universo maravilhoso do vinho e da comida.
Vamos a harmonização!
A paleta é uma parte do porco que apresenta um pouco mais de gordura, essa em especial fica bem suculenta, apresentando uma boa untuosidade, pensando nisso escolhi para harmonizar um Espumante Brut, onde a acidez elevada vai limpar um pouco dessa untuosidade.
Devido aos temperos, a marinada de 24 horas e a cocção, preciso de um espumante com mais estrutura para aguentar o prato, um espumante elaborado pelo Método Tradicional cuja segunda fermentação ocorre na garrafa, seria perfeito. Mas não o tinha em mãos e optei por um exemplar brasileiro Brut Rosé da vinícola Suzin que é elaborado pelo Método Charmat (segunda fermentação em tanques de inox), porém é elaborado pelo Método Charmat Longo. Esse método tem sido usado ultimamente pelas vinícolas brasileiras, ele consiste em deixar o espumante em contato com as leveduras na autoclave, aumentando a complexidade tanto aromática como gustativa.
Essa prática busca um espumante com características próximas ao elaborado pelo Método Tradicional. O tempo que o espumante repousa sobre as borras depende do perfil de cada produtor. O de hoje da vinícola Suzin repousou durante 7 meses.


Espumante Brut Rosé Suzin - São Joaquim - SC
Elaborado com 60% Merlot e 40% Cabernet Sauvignon pelo Método Charmat Longo, de cor rosa, perlage fina e bem persistente, aromas de morango e fermento.
É equilibrado, com uma ótima acidez, austero e com um ótimo volume em boca.
Bom, que tal encerrar o ano preparando essa paleta? Eu como sempre, contribuo com a receita:
Ingredientes:
1 paleta (aproximadamente 6 kg)
1 xícara de óleo
1 xícara de vinagre de vinho branco
1 xícara de vinho branco seco de boa qualidade
1 maço de cheiro verde (salsinha e cebolinha)
8 dentes grandes de alho
6 colheres (sopa) de sal
1 colher (sopa) ajinomoto
1 saco plástico grande e grosso (normalmente o que embrulha a paleta)
Preparo:
Limpe a paleta retirando o couro.
Perfure toda a paleta com um auxilio de uma faca de ponta (pequenos furos)
Bata todos os ingredientes no liquidificador
Coloque a paleta no saco plástico e despeje a marinada.
Amarre bem para que não vaze.
Deixe por 24 horas em geladeira virando o saco uma vez
Após 24 horas coloque tudo numa assadeira de bordas altas (paleta + marinada).
Cubra bem com papel alumínio para que não vaze.
Asse por 5 horas em forno médio/baixo
Remova o alumínio e asse por mais 1 hora ou até dourar bem.

Você sabia...
"Os vinhos finos de altitude da Serra Catarinense estão entre 900 a 1400 metros de altitude. Esta localização permite um ciclo vegetativo maior, ou seja maturação mais lenta o que permite maior concentração de açúcares, polifenóis e material corante e estas e outras substâncias darão o diferencial qualitativo ao vinho. A região de altitude também propicia a amplitude térmica, o que possibilita a planta potencializar a concentração destas substâncias."
A cor e a acidez dos vinhos estão diretamente relacionadas com a frescura noturna. Os últimos dias de maturação são fundamentais para a cor, frescura e acidez, e as noite frias são determinantes.
É também nesse aspecto que a altitude tem o seus efeitos, a temperatura desce 1 grau Celsius  a cada 100 metros e a umidade decresce também com a altitude, provocando assim maiores amplitudes térmicas, com noites mais frias e secas, ou seja, o efeito das estações do ano dentro do próprio dia.
Em maio de 2017 a Epagri iniciou os trabalhos para obtenção da Indicação Geográfica (IG) dos Vinhos Finos de Altitude da Serra Catarinense, em setembro ( 2019) entregou os documentos de delimitação geográfica da IG, que farão parte de um dossiê á ser encaminhado para análise do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que decidirá pela concessão ou não da IG.
Para a IG dos Vinhos Finos de Altitude da Serra catarinense a Epagri delimitou 23,2% da área do Estado, onde a altitude é superior a 900 metros. São ao todo 41 propriedades, espalhadas por 32 municípios. Além das características ambientais, essa IG leva em conta sobretudo a notoriedade das regiões produtoras.

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